sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Sobre o Déjà vú

A incrível e estranha sensação de já ter visto algo antes ou já ter vivido aquele momento anteriormente, causa-nos espanto e surpresa. Porém, partindo dessa afirmativa, poderíamos levar em consideração o seguinte detalhe: Sempre que temos a sensação de Déjà Vu e estamos acompanhados, ao tentar explicar ou ao menos expressar o fato em detalhes como a época ou o local exato em que possivelmente teria “acontecido” a cena, nos deparamos com uma difícil tarefa de confirmar com convicção a condição de uma lembrança real da ocasião anterior.
 Podemos perceber na questão apresentada anteriormente, uma incompletude deixado pelas teorias diversas citadas ao ignorar um elemento que pode ser muito importante-senão determinante- ao falarmos em Déjà Vu: o Inconsciente.
Surpreendentemente, existe pouca relevância no âmbito psicológico relacionado a esse fenômeno, de modo que em bibliotecas, em sites de pesquisa e busca avançada e até em renomados sites conhecidos pela vasta produção de conhecimento especifico, o material disponível em português a partir do fenômeno estudado no presente trabalho, direciona-se apenas às questões espirituais e/ou sobrenaturais, mantendo uma escassez de material que seja plausível para aqueles que optam em enxergar algo mais que sintomas orgânicos e menos delirantes que fenômenos paranormais. Ou seja, podemos considerar aqui, uma categoria profundamente ligada ao aspecto psicológico, levando em consideração o sujeito, seu corpo e os acontecimentos ao seu redor.
Tal estudo pode-se ter grande ênfase e ser muito proveitoso, já que pouco se fala em Déjà Vu nos quesitos aqui citados. Uma nova gama de discussões e um novo olhar é lançado a partir de quando o presente estudo cumprir o que até agora foi dito.
Partindo de uma abordagem que mais pode ser útil nesse estudo - a psicanálise – observemos algumas questões de extrema importância: na noção de primeira tópica, Freud nos fala de Inconsciente, Pré-consciente o Consciente. Entre o conteúdo do Inconsciente até o que nós Conscientemente temos acesso, acontece um bloqueio que funciona como um filtro, este é chamado de Censura e acontece no Pré-consciente. Ele regula todo o conteúdo latente, evitando possíveis conflitos. Esse filtro, porem, nem sempre funciona (podemos citar os atos falhos como uma falha da censura) e quando estamos dormindo, a Censura vai diminuindo e o Inconsciente prevalece, manifestando-se através do sonho.
Outro importante mecanismo que acontece no sonho é a Elaboração Onírica, que podemos destacar 4 funções:

  • Condensação:onde o conteúdo que temos acesso Conscientemente é menor que do que o conteúdo latente, ocorre uma combinação de elementos e características do conteúdo latente num único elemento do conteúdo manifesto, etc;


  • Deslocamento:ainda é um mecanismo da censura dos sonho, onde substitui elementos do conteúdo latente por outros mais remotos que podem funcionar em relação ao primeiro com uma simples alusão e acentua um acontecimento de menos importância, como forma de descentralizar o de importância, podendo assim transferir a carga “emocional” de determinada situação para outra menos importante;

  • Figuração: faz uma seleção e transformação dos pensamentos do sonho em imagens ou pensamentos, ou seja, converte pensamentos e idéias em imagens;


  • Elaboração Secundária: Faz uma modificação no sonho, a fim de que ele seja mais coerente e compreensível, perdendo sua aparência de absurdidade. Recria um sentido deformado que possa parecer menos proibido. Freud ao falar da elaboração secundária, diz que este não está propriamente dito, dentro dos mecanismos da elaboração onírica (seria uma outra etapa).
Tendo como base essas informações, podemos interligar os processos dos Sonhos com os processos do Déjà Vu, onde os sentidos não estão totalmente claros e que ambos tornam-se elementos que Conscientemente se confundem e posteriormente vão se “apagando” em nossa memória. Tal fenômeno que, segundo Freud, acontece com bastante freqüência durante a análise, e que merece ter ênfase o conteúdo que é relatado (no sonho o Déjá Vu tem um sentido bem especifico também). Freud relaciona os números que parecem ser escolhidos aleatoriamente (mas que tem um sentido bem definido inconscientemente) com o determinismo e a fantasia.

Um comentário:

  1. Muito interesante esse assunto relacionado ao Déjà Vu..realmente em vários momentos já tive a sensação de ter vivido novamente determinado momento..e a explicação dada é simplesmente incrível, pois segundo as teorias de Freud, a maior parte da consciência é o inconsciente.

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